sábado, 4 de junho de 2016

Em 1982 o futebol nos fez chorar!

Havia apenas 12 anos, ou duas copas do mundo que a seleção brasileira de futebol não chegava ao título máximo. Para o país do futebol era muito. Depois do México, uma passagem sem brilho pela Alemanha, um time sem identidade, ainda que com algumas estrelas. Fomos campeões “morais” na Argentina, e nem é bom lembrar do goleiro peruano Quiroga e da proeza que teve ao levar tantos gols da Argentina.
Pois bem, Telê Santana chegou e montou um verdadeiro esquadrão, uma constelação que se preocupava em jogar um estilo de futebol poucas vezes visto até então. Há muito não discutia tanto o futebol no Brasil. Jô Soares pedia para Telê colocar “ponta”, Serginho não era uma unanimidade no ataque, se falava que queriam transformá-lo em um anjo. No gol, Valdir Perez era questionado, para muitos a vaga era de Leão. Já nas laterais não haviam dúvidas quanto a Júnior e Leandro. Na zaga, Oscar e Luizinho, perfeitos! Dali para frente, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Eder, Paulo Isidoro ou Dirceuzinho. Que time era aquele!
Na Copa da Espanha eu tinha 13 anos, e a admiração pelo futebol aumentou graças à seleção de 1982. Os bolões que fazíamos no Colégio Nossa Senhora das Dores, na Casa Verde em São Paulo, eram muito mais para saber de quanto o Brasil golearia, já que a vitória era certa. Logo no primeiro jogo, Dasaev da URSS assustava pela sua categoria, mesmo assim vencemos de virada, com direito a dois golaços. Depois veio a Nova Zelândia e Escócia, que passeio, jamais esqueço do golaço de Zico. Chegamos à segunda fase, e logo de cara a Argentina de Diego Armando Maradona e de um monstro no gol, chamado Ubaldo Fillol. Passamos com uma facilidade incrível, a seleção canarinho encantava o mundo, dava espetáculos. O jogo seguinte seria contra a Itália de Dino Zoff e de um certo Paolo Rossi, que mal havia saído de um escândalo da loteria esportiva na Itália.
Nos reunimos na casa do Kico, ele tinha a melhor TV, grande, boa imagem, um cinema na época. O jogo mal começou e Cerezo falhou, Rossi fez, e Luciano do Valle narrou baixinho, sabíamos que em breve o show começaria, veio o empate, Sócrates, um gênio.
Mais uma falha incrível, e lá estava o tal de Paolo Rossi novamente. Nosso time não tinha saída de bola, Cerezo estava muito mal e o meio campo não marcava, a esquadra azurra nos encurralou. Mas o Rei de Roma, Falcão, empatou. Na comemoração parecia que as veias do seu pescoço saltariam, era emoção demais, o empate que o Brasil precisava havia sido conquistado. Mas não, o jogo ainda não tinha acabado e após aquele escanteio, a bola rebatida, gol da Itália. O Brasil deu mais algumas pontadas, Zoff salvou um gol do doutor em cima da linha, não dava mais, o juiz apitou o final de jogo. O Sarriá se calou, o Brasil emudeceu, o mundo se espantou. Me lembro de nós, moleques de 12,13 anos chorando compulsivamente, não acreditávamos naquilo, não era justo, mas o futebol é justo? Estávamos eliminados, o futebol-arte estava fora da Copa das Copas. Naquele dia o futebol chorou e os deuses do futebol nada puderam fazer.
Gustavo Alves dos Santos - nosesportes@gmail.com
No Twitter: @gustavofarmacia
Foto: BOL

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O tênis não parou a guerra, mas o esporte sempre vence.

Dentre as mais incríveis histórias do esporte, não há como esquecer o dia em que o Santos de Pelé foi até a África, e lá conseguiu interromper uma guerra. Sim, as trincheiras foram desocupadas, os canhões silenciaram para que as cortinas do espetáculo chamado futebol fossem abertas.

Esta semana tivemos a triste notícia de que o ATP 250 de Tel Aviv, em Israel, não será mais disputado. O torneio aconteceria em setembro, mas diante do terrível conflito na faixa de gaza acabou sendo suspenso. Uma triste notícia para o mundo do tênis, já que mais uma fronteira seria ultrapassada. No saldo final, ponto para o tênis que segue, vitória do esporte!

Conflitos à parte, o calendário segue a todo vapor, visando o próximo torneio do Grand Slam que já se aproxima. Falo do magnífico US Open, das quadras de Flushing Meadows, do piso duro e do jogo rápido. Mas até chegarmos no Queens, na Big Apple, importantes disputas acontecerão. Uma delas, já em andamento, o ATP de Toronto. Tenho assistido a alguns jogos, destaque para Roger Federer que não teve dificuldades em derrotar o canadense Peter Polansky por 2-0, depois o sufoco que Wawrinka passou diante de Benoit Paire, mas acabou vencendo no terceiro set, no tie break. O suíço terá como próximo adversário o “reclamão” Fábio Fognini, osso duro de roer.

De forma positiva, chamo a atenção para a quantidade de saque e voleio nos jogos de Toronto. Quadra rápida, habilidade e velocidade na subida, sem contar a leitura precisa da devolução para a resposta no ponto certo.
Este torneio está com cara de Federer, embora reconheça que o campeão possa estar também entre Djokovic, Wawrinka ou Murray. Puro palpite.

Esporte é vida! Voltamos com mais tênis a qualquer momento.
Gustavo Alves dos Santos - nosesportes@gmail.com
No twitter: @gustavofarmacia
Foto: UOL

domingo, 20 de abril de 2014

Dois gigantes da arte!

Gabriel Garcia Marquez e Luciano do Valle, dois gênios, duas marcas,ambos apaixonados 
pelo que faziam, a arte!

O escritor transformou amor em palavras.
O locutor e narrador fez do gol um êxtase.
Poucos tem essa capacidade, a de transformar sentimentos e sensações em palavras ou em sons.

Como ficaremos sem eles?
Menos amor, menos sentimentos... talvez não.
O aprendizado que fica é o de que a emoção supera a qualquer coisa nessa vida.
Sem emoção não vivemos.

A razão tem seu lugar, mas a poesia desconhece o pensamento e a lógica.

Ler e se sentir lá, ouvir uma narração e se empolgar de tal maneira que se sinta dentro do campo, do estádio, da piscina ou da quadra.

O pensamento voa, eles conseguiram.

Adeus gênios!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Crônica ao Ituano - campeão paulista de 2014.

Como dizem os filósofos do esporte, o futebol é uma caixinha de surpresas. E para não fugir desta máxima, você Ituano, foi a surpresa. Mas não a surpresa indesejável, ingrata, desmerecida. Surpreendeu pelo futebol gigante, regular, incontestável.
Você honrou a nossa Itú, foi grande como ela. E lá, tudo é grande, hoje você é o maior.
Conquistou a guerra, perdeu poucas batalhas.
Três, quatro, cinco destaques...onze em campo. É pouco! Venceu o coletivo, a equipe!
Dizem que todo time começa por um grande goleiro, e você Wagner, tal como o maestro e compositor romântico, regeu a defesa, e compôs obras belíssimas. A bola impossível não fez parte de seu repertório!
Dener, nome de craque, futebol de regularidade, e um trabalho de operário. Sempre presente!
Dick...de que adianta correr e não chegar? Com você é diferente, você é incansável, corre e chega sempre!
Sales, chute forte e preciso, talento na ponta das chuteiras. O herói de muitas vitórias!
Alemão, o xerifão da equipe, até gol o zagueirão fez.Bolas altas, antecipação, isso é o alemão.
Josa, de onde você veio cara! Que bola, que raça, quanta vitalidade. Incansável.
Caucaia, o moço do nordeste. Esbanjou categoria nos jogos finais, é o meio campista do século XXI.
Paulinho, Marcelinho, Claudinho, Marcinho...esse final "inho" não combina com a grandeza do futebol desses caras!
Jen Carlo, equilíbrio e velocidade, a peça da engrenagem que aciona a máquina, põe o ataque para jogar. Gercimar, a estabilidade, o controle, defesa e ataque.
Esquerdinha, da esquerda, da revolução, do contra? Não, esquerdinha da democracia, da bola, do jogo bonito, do arrojo!
Rafael, anjo, em alguns jogos parece ter caído do céu para ajudar o Ituano.
Sim, os céus conspiram pelo futebol, assim como conspiram pelo amor.
Cristian...Cristo, Messias, o Salvador. Fez gol histórico. ELE esteve conosco.
E Doriva, você homem do meio-campo, já esteve lá, equilibrado, mas no Ituano é diferente, toda a cidade, muita emoção. Você foi o comandante de uma legião de guerreiros, você disse a eles como e quando fazer. Sem sua liderança, nada teria acontecido. Você tem o respeito dos seus seguidores. Ituano hoje você fez história, você é a história. A taça é sua, o futebol paulista tem uma nova sede, Itú!
Ituano faz festa com a taça do Campeonato Paulista; equipe do interior superou o Santos nos pênaltis
Foto: Jornal do Brasil

O Futebol imitou o Tênis!

A Espanha será a adversária do Brasil na Copa Davis, e o jogo acontece em território brasileiro ainda esse ano, provavelmente em Setembro.
Fantástico, sensacional, o número 1 do mundo, Rafael Nadal, retorna ao Brasil poucos meses depois do Rio Open. Ele adora o Brasil, traz sorte a ele.
Os espanhóis, levando-se em consideração os duplistas, formam a melhor equipe da Davis este ano.
O Brasil receber a equipe da Espanha na Davis, equipara-se à Bolívia receber a equipe masculina de vôlei do Brasil. Tudo pode acontecer, mas seria uma grande zebra se a Espanha perdesse. Idem para o Brasil diante da Bolívia no vôlei.
Fatores como o calor, sol, torcida “do futebol” no tênis, podem fazer a diferença. Mas é pouco provável. Tentando ser um pouquinho ufanista, quem sabe uma vitória nas duplas com Soares e Melo. Nas partidas de simples vai ser osso duro.
Há uma certa indefinição quanto à quadra: saibro ou rápida? Qual o melhor piso quando se tem pela frente, uma equipe como a Espanha. Vejamos Nadal e Ferrer, para eles não há diferença, pois jogam torneios em pisos variados durante todo o ano. Se eu pudesse opinar, jogaria no saibro, e trataria de ter o máximo cuidado na escolha das bolas. Além disso, pensando no extra campo, jogaria na linda e quente São José do Rio Preto. Quem sabe as chances aumentam.

Tênis e futebol são esportes bem distintos, pés e mãos, coletivo e individual...mas é no controle mental, nos nervos, que podem se equiparar. Assim como um tenista desconhecido vez por outra vence um gigante, como aliás fez Steve Darcis, 135º colocado da ATP, ao derrotar Rafael Nadal, 1º da ATP, na estréia de Wimbledon ano passado, um time pequeno pode sagrar-se campeão. Basta ter uma ótima comissão técnica, bons profissionais, competência e muita disciplina tática. O Ituano foi aquele tenista despretensioso, foi chegando e de repente, venceu o grande. O futebol imitou o tênis!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Torneios da ATP no Brasil!

O espanhol Rafael Nadal brilhou mais uma vez em quadras brasileiras, ao vencer o Rio Open neste domingo. Parece que os ventos tropicais fazem bem ao espanhol, e isso desde o começo de sua carreira, quando sagrou-se campeão em Sauípe ainda com 18 anos de idade. A vitória vem em momento importante, tal como no ano passado, quando voltava de contusão. Nadal fez um torneio normal, sem grandes exibições, exceção feita ao jogo contra seu compatriota Pablo Andujar, quando venceu de virada, em um jogo que parecia perdido. Com toda a certeza, dificilmente Andujar esperava um jogo tão favorável a ele contra o nº 1 do mundo. Não soube aproveitar muitos bons momentos durante o jogo, enquanto Nadal foi cirúrgico quando teve oportunidades.
Na final contra o ucraniano Alexandr Dolgopolov, o espanhol teve como seu grande adversário o cansaço. Foi visível seu desgaste, o que acabou prolongando um pouco o jogo. Mesmo assim, fechou com 6/3 e 7/6 (7-3). Nadal, campeão do ATP 500 do Rio de Janeiro!
No meio do caminho tinha Ferrer, e por isso Bellucci não avançou. O tenista brasileiro vinha com confiança e tecnicamente muito bem. Na noite de sexta feira ele acabou sendo derrotado pelo espanhol Ferrer, de virada, em um jogo que registrou um fato lamentável, a falta de luz por quase 2 horas. Aliás, o Rio Open pode ser considerado um grande laboratório para futuros grandes torneios de tênis no Brasil. Há muito que se corrigir: o saibro, a estrutura das quadras, a qualidade das bolinhas e até mesmo os pegadores de bola, que mal sabiam se posicionar ou oferecer a toalha aos jogadores na hora certa. Parecem coisas banais, mas fazem parte do espetáculo. Sobre a torcida, sem novidades, muitas interferências semelhantes ao que se grita e comemora em um estádio de futebol, com exageros lamentáveis. Mas isso é uma questão cultural, o público do tênis, aos poucos, será naturalmente selecionado.
Nesta segunda feira começou o Brasil Open na cidade de São Paulo. O torneio será disputado no saibro do ginásio do Ibirapuera, e logo de cara, uma vitória maravilhosa de João Souza, o Feijão. O brasileiro bateu Robin Haase, 45º colocado no ranking, com destaque para o primeiro set quando reverteu games praticamente perdidos diante do holandês. Não faltou garra para o brasileiro, que fez um fundo quadra de muita qualidade.
Nadal Rio Open tênis (Foto: Matheus Tiburcio)fonte: Globo.com